quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

- Agostinho da Silva



Agostinho da Silva

"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história" "Primeiro inventaram o país que queriam, porque não havia. Quem olhava para o mapa da península nunca via desenhado nele Portugal. Havia províncias romanas, havia mais domínios mouros, havia umas coisas esquisitas que sobravam lá de muito atrás como o país dos bascos, etc...

Mas, foram os portugueses que viram, nitidamente, o país desenhado no mapa da península, e depois lhe traçaram os limites. E que aconteceu? Aconteceu que realizaram o único país estável do mundo. Todos os outros têm mudado, todo o jogo de fronteiras tem sido no mundo, excepto para Portugal.

E foram para o mar. E que Mar resultou das viagens dos portugueses? O Mar que há. O Mar que toda a gente teve que aceitar. Não havia outro possível" "Se essa é a missão que Portugal tem que realizar no mundo, porquê agitar-se muito? Deixa andar, é como quando nós confiamos uma tarefa a uma máquina, confiança absoluta que ela vai preparar o nosso almoço quando se carregou num botão a um tanto minuto, e depois o que há a fazer? Agitar-se? Nada disso, esperar que a máquina acabe a sua tarefa: pode ser que a máquina do mundo tenha uma determinada tarefa para Portugal.

Então não me agita nada que os portugueses sejam passivos. Nunca foram na história. É uma ideia curiosa essa que aparece muito hoje em dia de que os portugueses são passivos: eles estão à espera de que o barco passe para pularem dentro" "Portugal fez coisas que nenhum outro país fez. E portanto, se foi capaz de desempenhar missões, de realizar aquilo que outros países não realizaram, então talvez, quem sabe, possa ele no futuro realizar as tais missões que hoje parecem utópicas, mas que porventura, nenhuma outra nação do Mundo seria capaz de realizar como ele" "São Bernardo disse aos templários: «para que vocês deixem de combater os muçulmanos, o melhor é comerciar com eles», (...) a coisa é que saiu mal, (...)o que acabaria por tornar os templários em banqueiros (...), o que fez Dom Dinis também, que fez uma coisa muito interessante que foi a primeira nacionalização que houve em Portugal, nacionalizando o tesouro dos templários, fazendo ao mesmo tempo, a primeira privatização, já que os privou a eles de terem o tesouro, toda a nacionalização pode ser uma privatização ao mesmo tempo, não é?"

"Não tenho saudades, as pessoas de quem eu gosto estão sempre comigo, como vou ter saudades deles? Mesmo que seja muita a distância. De modo que essa coisa de Saudade para mim não existe, sempre tenho andado no mundo, Brasil por exemplo, não tive saudades de Portugal, nem agora tenho do Brasil. A Saudade supõe ausência, se eu nunca estou ausente de mim, como vou ter Saudades?"

"Os portugueses são facilmente vuneráveis aquilo que sucede no mundo, facilmente pessimistas, e às vezes eles estão tocando o pessimismo como quem toca guitarra, para se entreterem. Vão dizendo: «se amanhã estivermos vivos»; «se lá chegarmos»; «oxalá possamos chegar»; etc.... Como se tivessem dando à vida, que é monótona para eles, um tempero excitante de poderem não estar vivos daí uns minutos. Temos que amar cada vez mais a vida e a ter cada vez mais ampla, e fazermos tudo na nossa pequena área ou na nossa área maior para que ela assim seja, para ver se as pessoas se despem desse pessimismo. Se andando vivos na vida, ao passo que a maior parte da gente faz de morto para que a vida não o agrida a ele, andando vivos na vida chegamos a ter um entusiasmo comunicativo a nós próprios sempre, e contagioso para todos aqueles que connosco lidarem"

"O Império Romano ter nascido como nasceu, e se ter estendido até onde se estendeu, e de repente encontrar um muro tremendo, o muro líquido do Atlântico, que impedia a sua expansão ao resto do globo. Esse muro do Atlântico que travou o Império Romano, quem o foi derrubar? Foi um pequeno povo, quase esquecido, no Ocidente da Península que conseguiu que o muro se derrubasse e que o Império Romano, já com outras características, se estendesse efectivamente a todo o mundo."

"Temos que dar qualquer jeito para que Portugal deixe de coxear e realmente se reinstale. Eu acho que o problema que está hoje diante de Portugal é de se reinstalar, de se restaurar (...) de voltar aquilo que os portugueses acharam que era o seu próprio Portugal"

"Vamos dar ao mundo aquilo que temos de melhor, que é de sonharmos continuamente, e de ao mesmo tempo, termos um conceito objectivo da vida(...)ver o mundo tal qual ele é, e ao mesmo tempo descobrirmos nisso o que ele também é, mas muitas vezes oculto aos outros" "Não se trata disso, de dizer que Portugal tem como destino o Quinto Império. Portugal inventou, imaginou isso do "Quinto Império" e nós temos que o examinar e ver o que pensou Vieira e ver se isso não está dentro de nós e da nossa capacidade."

"Esse Quinto Império tem sido muito mal interpretado em toda a parte. Temos que examinar se esse Quinto Império e quando digo nossa não digo a daquele Portugal que vai entre o Minho e a Ilha do Corvo. É daquela gente que foi tocada por esta pintura, com que se apresentam formas várias, por toda a parte."

"A questão portuguesa, não é de se falar uma palavra de português. É de ser, ou não, à maneira portuguesa de ser. É ser variadissimas coisas ao mesmo tempo e por vezes coisas que parecem contraditórias. E possibilidade de encarar um tema e de o encarar de várias maneiras, conforma a época em que viveram, a linguagem que utilizavam, a maneira que se sentiam na vida. Quando se fala agora em Quinto Império, toda a gente se esquece que a primeira ideia de Quinto Império apareceu com o Camões, nos Lusíadas, na Ilha dos Amores. O que é que o Camões põe como o fim da actividade humana? Na primeira parte de Os Lusíadas, ele, o que conta é como os portugueses realizaram esse projecto extraordinário que foi desde o começo, de uma agitação portuguesa lá pelo lado de Gaia até ao Vasco da Gama. Terminada uma empresa, em que cada um teve que cumprir um dever, de ser isto ou aquilo como trabalhador, terminada essa empresa aparece aquilo de cada Homem ser aquilo que realmente é. Ser ao máximo, plenamente, aquilo para que nasceu e que marca a sua indivualidade. Assim que aqueles marinheiros que estiveram em Calicute tocam aquela Ilha, eles são aquilo que eram."

"O Futebol, o Jogo dos Bancos, dos políticos que não se entendem entre si, em lugar de se ajudarem uns aos outros nessa tarefa difícil que é administrar um País, em que se tem que ao mesmo tempo de olhar o presente e ter a maior confiança no que se pode fazer ao Futuro." "Se isto foi uma discussão, foi uma coisa boa, no sentido etimológico da palavra, que é sacudir. Já que abanar as cabeças é bom, para saber se existe dentro delas alguma coisa."

"Eu suponho que sou uma pessoa de convicção. Se a convicção é a mesma coisa que a fé é algo discutível. A convicção é alguma coisa que a pessoa traz ou sente que traz dentro, como se fizesse bem parte dele, e que não há maneira de evitar. O convicto não evita. Quanto à fé, é outra coisa. É em geral aquilo em que se acredita, o que se convence a pessoa de que existe, sem ter nenhuma matemática pelo meio, sem haver nenhuma equação que o prove. A pessoa então tem fé." "A igreja mais bem pensante seria aquela que as pensasse todas juntas. E que desse, como um resumo geral, sem coibir em nada, sem prender em nada, as integrasse todas num todo. Até agora ainda não apareceu."

"A obrigação do homem é voar alto, mas sem nunca perder a linha de terra. Temos que ter as duas coisas ao mesmo tempo. Ter o chão em baixo, tão objectivo e tão nítido como se fosse um mapa em relevo. E ao mesmo tempo voarmos alto. Uma só das coisas não é humana. Seria de um bicho só adaptado ao chão ou d'outro lado, adaptado ao céu."

"Conheço uma porção de gente que andava com uma ideia, uma ilusão a respeito do que lhe estava sucedendo na vida, de súbito as coisas mudam, e a pessoa fica completamente desorientada, sem parar sequer um momento para ver se ela não é uma «pedra» que está recusando o cinzelo do escultor que a quer tornar menos pedra e mais estátua. Então é preciso que a pessoa numa altura dessas: pense bem; esteja calmo; deixe suceder mais um tempo; veja o que lhe vai aparecendo e depois reflicta realmente se não avançou com aquilo que lhe parecia negativo.

Porque afinal, é com o esforço de subir um degrau que a pessoa chega ao patamar. Talvez a vida nos ponha degraus bastante fortes, para nós darmos boas passadas, exercitarmos bem os nossos músculos, e chegarmos aos patamares mais altos que há. "É extremamente simples viver. Desde que a pessoa, para viver como vive, tenha o suficiente para comprar as coisas. Porque nós estamos nessa contradição. Nascer de graça e passar o resto da vida a ganhá-la. O que é inteiramente absurdo. Desde que nascemos de graça, a vida devia continuar a ser de graça."

"Diante daquilo que se ama, não se deve ser crítico, deve-se deixar que o amor nos possua. Mas diante daquilo que se admira deve-se estar sempre com a objecção pronta, para se poder demolir aquilo que admiramos que afinal pode apenas nos estar iludindo." "Nenhuma pessoa tem qualidades ou defeitos. Uma pessoa tem características. Quando nos agradam, chamamos-lhes qualidades, quando não, chamamos-lhes defeitos".

"Eu costumo sempre citar, a propósito da construção do Brasil, como o português, durante 250 anos foi o mais manhoso de sempre, mentiu sempre com mapas falsos para toda a parte para se conseguir o Brasil que se tem hoje. Foi um defeito ou uma qualidade? Ter aquele pais e levá-lo a um ponto onde se poderia desenvolver, foi um defeito ou uma qualidade?

Quando o português mandava embaixadores pela Europa a ver se era possível comprar relógios que pudessem medir a Longitude era uma qualidade ou um defeito? Era qualidade, mas a um tempo era um defeito, porque esses europeus ainda não sabiam medir bem a longitude e podiam ser enganados".

"É preciso que tenhamos certezas na vida, mas também que um grande número de dúvidas nos acompanhe."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

- Afonso de Albuquerque

Afonso de Albuquerque


Militar, conquistador e político português nascido na Quinta do Paraíso, perto de Alhandra, considerado a figura mais emblemática da expansão portuguesa no Oriente e que como segundo vice-rei da Índia foi maior responsável pela expansão do poder das feitorias lusas nesse país.

Descendente da nobreza lusitana, foi criado na corte de D. Afonso V, serviu em praças-fortes portuguesas de Marrocos e integrou a guarda pessoal de D. João II. Na sua primeira missão na Índia (1503-1505), confiada por D. Manuel I, fundou a fortaleza de Cochim, travou combate com os turcos e com tropas muçulmanas do reino de Calecut, e estudou profundamente a região. Com prestígio em alta, foi nomeado (1506) por D. Manuel I para substituir o governador D. Francisco de Almeida.

Ao chegar a Índia (1508), Almeida negou-se a reconhecer a carta secreta do rei na qual o nomeava governador e, além de não lhe transferir seus poderes, o aprisionou na fortaleza de Cananor. Com a chegada da esquadra do marechal Fernando Coutinho (1509), o insatisfeito governante não pode resistir e entregou o cargo a seu sucessor.

O novo vice-rei deu início a sua ofensiva regional para controlar todo o comércio da área e antes de assumir as suas funções de governador, assaltou e tomou os portos de Omã e de Ormuz. Conquistou sucessivamente Goa, Cambaia, Calicut, Narsinga, Malaca e Ormuz (1510-1515). Comandou a primeira esquadra européia a entrar no mar Vermelho (1513), consolidando, assim, o domínio português no Oriente (1514).

Seu plano estratégico era instalar uma linha de fortalezas que pudesse controlar a navegação no mar Vermelho, impondo o domínio português sobre uma vasta área territorial, expulsando as forças do Império Otomano.

Porém, seus sucessivos sucessos de conquistas e sua visão de um amplo domínio português no Oriente, renderam-lhe muitos inimigos invejosos na corte, até que o rei foi convencido a substituí-lo por Lopo Soares de Albergaria, um desses fortes inimigos.

Frustrado e doente, morreu durante a viagem de Ormuz para Goa, quando ia passar oficialmente o cargo de vice-rei ao seu substituto, consciente do boicote de que fora vítima.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

- Lopo de Sousa Coutinho

Sousa Coutinho (Lopo de).
n. 1515.
f. 28 de Janeiro de 1577.

Pai do ilustre escritor Frei Luís de Sousa. Era militar valentíssimo e também notável escritor.
N. em Santarém em 1515, sendo filho 8.º de Fernão Coutinho e de D. Joana de Brito, e neto do 2.º conde de Marialva, D. Gonçalo Coutinho.

Em 1533 partiu para o Oriente na esquadra comandada por Pedro de Castelo Branco. Militou debaixo das ordens de Nuno da Cunha, e esteve no cerco de Diu, praça comandada por António da Silveira, que no principio do cerco o encarregou da guarda das mulheres e crianças, que para não serem bocas inúteis, deviam ir buscar água, lenha, etc.

Foi Lopo de Sousa Coutinho que abriu a longa série de façanhas que neste cerco se praticaram, porque no dia 14 de Agosto de 1538, surpreendido com mais 14 soldados por uns 400 homens de Khodja Sofar, não só os repeliu, mas perseguiu-os até fora da povoação, sendo necessário fazerem-se-lhe sinais repetidos da fortaleza para ele voltar. Noutra ocasião fez uma sortida feliz e atrevidíssima; mandara-o António da Silveira com uns 100 soldados descer ao fosso, mas ele que tinha consigo apenas 85 homens, obedeceu da mesma forma, repelindo o inimigo, e desembaraçando o baluarte de Gaspar de Sousa, que estava sendo vivamente atacado. Muitas outras façanhas notáveis praticou ainda nesse famoso cerco, de que depois havia de ser historiador.

Voltando à pátria em 1545, encontrou morto seu irmão, e tomou posse da herança de seus pais. Nomeado governador do forte da Mina por D. João III, pouco tempo lá se demorou, e regressando a Portugal casou com D. Maria do Noronha, dama da rainha D. Catarina, de quem teve alguns filhos, entre os quais o célebre Frei Luís de Sousa. Foi homem muito erudito, bom matemático e filósofo, excelente latinista, e escritor distinto. Depois de voltar da índia e da Mina, apenas exerceu em Portugal o lugar de capitão-mor da armada. A sua morte foi devida a um lamentável desastre. Estando na vila de Povos, no dia 28 de Janeiro de 1577, quando ia a apear-se dum cavalo em que montava, desembainhou-se-lhe a espada, e caindo sobre ela, enterrou a no peito de forma tal, que faleceu imediatamente. Foi sepultado na igreja do Salvador, de Santarém.

Escreveu: Livro primeiro do cêrco de Diu, Coimbra;, 1556. Traduziu em português as comédias de Píndaro, tragédias de Séneca, e a Pharsalia de Lucano, mas essas traduções não chegaram a ser impressas. Escreveu ainda Empresas dos varões illustres da India. da índia.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

- A Cruz de Cristo sobe outra vez!


No dia seguinte ao devastador ataque sofrido pelo Baluarte da Vila dos Rumes, consultado o Capitão António de Silveira e discutido por todos, decidiu-se que face à impossibilidade de defesa perante novo ataque dos Turcos, os portugueses que estavam nesse baluarte deveriam aceitar a rendição proposta pelos Turcos, que previa que todos seriam bem-tratados e que nenhum mal se provocasse aos portugueses.

Pois assim acordado, nessa manhã começaram a subir ao baluarte soldados turcos. Desta vez não houve resitência por parte dos portugueses, e assim em pouco tempo os Turcos entraram na fortificação portuguesa. Contudo algo diferente do esperado aconteceu.

Da fortaleza portuguesa de Diu, os soldados portugueses nas muralhas assistiam à rendição dos seus compatriotas ao longe. No entanto algo parecia estranho. Parecia que se combatia. Efectivamente, não cumprindo a sua palavra, os Turcos começaram a mal-tratar os portugueses, despindo-os e roubando os seus pertences. Nada do que fora prometido estava a ser cumprido! Para piorar a situação, houve um acontecimento que muito entristeceu os portugueses.

Do alto do baluarte, viram ser deitada abaixo a bandeira da Cruz de Cristo colocada pelos portugueses, e em seu lugar hasteada uma "grande e farpada bandeira vermelha, divisa e insígnias do grão-turco". Esta vista provocou as lágrimas em muitos portugueses, ainda mais quando viram como a nossa bandeira era tratada com tanto desprezo pelos turcos, como se de um trapo se tratasse.

Entre os portugueses que tinham sido encostados ao muro do baluarte como prisioneiros, estava João Pires, "um homem já velho e cansado, o qual, no tempo que as forças o puderam ajudar, viu-se nele sempre muita valentia e juntamente mui amigo de Deus". Este, revoltando-se com o que via, irrompeu subitamente contra os guardas turcos que os vigiavam, de tal maneira que deixou os seus compatriotas espantados. A seguir, chamando seis ou sete portugueses que se libertaram e o quiseram acompanhar, dirigiu-se pelo meio da confusão e dos inimigos que os queriam parar, até à bandeira turca. Tirando-a do seu lugar, "a deitou fora do baluarte quão longe suas fracas forças puderam" de imediato, levantou de novo a bandeira da Cruz de Cristo!

Quando isto viram, os portugueses que da fortaleza assistiam, de novo irromperam em lágrimas, vendo hastear de novo a bandeira que Deus encomendou aos Portugueses para as suas navegações e conquistas! Os turcos, vendo o que se passava, e ao mesmo tempo confusos, dirigiram-se até aos revoltosos portugueses e lutando com eles, conseguiram hastear de novo outra bandeira turca.

E conta-nos Lopo de Sousa Coutinho, que "assim por três ou quantro vezes foi erguida uma e baixada outra, até que os turcos mataram os ditos homens e os lançaram no rio, e com isto ficou a bandeira turca segura".

"Estes portugueses que desta maneira foram mortos e lançados no dito rio trouxe-os a água à fortaleza", sinal interpretado como sendo de Deus, que queria que estes portugueses seus servos e mártires, que tão bem defenderam a bandeira de Nosso Senhor e Portugal, fossem colocados em lugar sagrado".

O Primeiro Cerco de Diu, Lopo de Sousa Coutinho

sábado, 14 de fevereiro de 2009

- Os Heróis do baluarte


  • Ao dia 27 de Setembro de 1538 surgiu envolta na névoa da manhã, a poderosissíma armada turca,
  • A sua missão: Destruir os portugueses que se encontravam sitiados em Diu. Para isto, como se viessem a qualquer uma festividade, os Turcos decidiram engalanar os seus navios, cheios de "muitos estandartes e bandeiras de seda, os seus tendais com ricos paramentos que lhe rojavam pela água." Também os próprios turcos estavam todos vestidos de "festa e seus tambores e clarins soavam com grande ruído". Com o vento de feição, um navio atrás do outro ia bombardeando com os seus canhões, basiliscos e bombardas, o Baluarte da Vila das Rumes. Esta pequena forificação estava separada da fortaleza principal , pelo que os poucos portugueses que nela se encontravam, nenhuma esperança tinham de socorro.
  • Esta poderosa artilharia muitos danos fez aos nossos, matando muitos portugueses, destruíndo as muralhas do baluarte, causando incêndios, e explosões de pólvora por todo o lado. O ar era irespirável, e fumaça da pólvora afectava a visão dos combatentes. Para piorar, muitos dos canhões portugueses explodiram quando foram disparados. Alguma pólvora encontrada uns meses atrás na cidade foi roubada pelos portugueses, que não sabiam que aquela pólvora se destinava a tiro de mosquete e arcabuz. Pois quando se a utilizou nos canhões este erro foi mortal. Muitos dos nossos morreram nestas explosões, outros ficaram severamente feridos. E ainda pior, ficámos sem nenhum armamento pesado capaz de ripostar.
  • "Durou este bombardear dede que o Sol saiu até às dez horas do dia". Incessante, o bombardeamento turco continuou até às quatro horas da tarde, derrubando uma parte das muralhas, que agora ficavam como escadas prontas ao inimigo subir. O desastre estava iminente.
  • Os capitães turcos, vendo que uma parte da muralha se tinha desmoronado, mandam avançar mais de 700 homens, homens, que deixando os seus navios, e em pequenas barcaças avançam para o baluarte, coberto de fumo. À frente destes, ia um Turco que levava uma "grande bandeira vermelha o qual foi com muita pressa subindo pela derrubada muralha, e atrás deles quanto o lugar podia agasalhar". E assim, subindo pelos destroços vieram os Turcos subindo o nosso baluarte.
  • Eis então que no patamar do baluarte surgem dois portugueses, com lanças muito compridas. A surpresa para os Turcos foi total já que estes pensavam que os portugueses estariam já todos mortos. Também da fortaleza portuguesa, os nossos iam assistindo com muita dor e tristeza, sabendo que nada podiam fazer para os ajudar. "E assim, com lágrimas e vontades, atirando-lhe da fortaleza bombardadas, faziam o possível". Restava-lhes assistir imponentes à desgraça dos seus compatriotas.
  • "Não cessavam, porém, os inimigos de com muita pressa e fervor trabalhar de superar os dois". Mas eles, como o lugar fosse apertado, com tanto ânimo e pouco temor o defendiam, como se todos os companheiros os ajudaram, dando-lhes com as lanças e deitando-lhes panelas de pólvora e outros artificíos que os de dentro lhes davam, fazendo sós" o que todos os outros chamariam de arriscado e perigoso. Desta maneira "pelejaram até ao Sol se pôr, derrubando muitos dos contrários das altas paredes abaixo", sendo apenas estes dois homens que sustinham o peso de tanta gente."
  • A só estes dois os turcos disparavam, e apesar de errarem em muitos desses tiros, por serem muitos causaram grandes feridas aos nossos dois heróis. "Mas nem por isso deixavam de mui esforçadamente pelejar, e tanto o fizeram, até que os inimigos desesperaram de aquela vez o tomar, e assim confundidos, de mal seu grado desceram, correndo espalhados uns por um lado e outros por outra, para que os portugueses não lhe dessem tiros da fortaleza, e assim recolheram aos seus navios, ainda estupefactos com tão esforçados homens que enfrentaram". Um deles chamava-se António Pinheiro, de apenas 25 anos, filho de um cavaleiro de Faro. Do outro não sabemos a sua identidade. Fica aqui a homenagem aos Heróis do Baluarte da Vila dos Rumes.

O Primeiro Cerco de Diu, Lopo de Sousa Coutinho

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

- "As ruínas desta fortaleza"


  • O Turco Rumecão, que nessa altura fazia guerra a Diu, conhecendo o estado em que se achavam os Portugueses, pelos poucos defensores e pela fortaleza quase destruída pelos incessantes ataques que tinha sofrido, quis jogar com o fraco ânimo das hostes lusitanas. Chegara a noite cerrada à Índia, e é então que no Baluarte de Santiago, onde estavam alguns portugueses a fazer guarda, ouvem chamar do lado de fora da fortaleza. Em língua portuguesa, dizia ser Simão Feio, que queria falar ao capitão-môr sobre um assunto importante.
  • Foi então chamado o Capitão Dom João Mascarenhas, e este mandou entrar o português. Frente a frente, este lhe disse que se chamava Simão Feio, e que tinha sido mandado por Rumecão, o turco que vendo o valor de tão grandes soldados como eram os Portugueses, queria-lhes poupar as vidas, que eles próprios tão desesperadamente defendiam. Ele bem via como a fortaleza portuguesa estava completamente arruinada, a maior parte dos defendores enfermos ou feridos, sem esperança alguma de socorro, com falta de munições e mantimentos. Era pois de bom-senso que se rendessem, porque para sua própria glória desejaria conservar vivos tão valorosos inimigos. Que nos trataria muito bem, dando-nos a liberdade e os nossos navios, se aceitássemos a rendição e abandonássemos a fortaleza. Se não, pois que todos os portugueses iriam ser passados pelas leis da guerra, e tratados como só os vitoriosos tratam os vencidos.
  • Quando ouviu esta afronta, o Capitão Dom João de Mascarenhas, com a mão no punho da espada, assim lhe respondeu:
  • "Se na fortaleza onde estão Portugueses não há muros, eles defendem-na em campo aberto. Se duvidam disto, então que no primeiro assalto que ousarem contra nós, assim o irão saber! Diz ao Turco para ir pedir mais e melhores soldados ao Sultão, porque nós Portugueses desprezamos vitórias tão pequenas; E as ruínas da fortaleza, essas espero eu repará-las com as cabeças dos Turcos! Se nos faltar mantimentos, ao próprio arraial do inimigo os iremos buscar como despojos. Enquanto os Portugueses tenham as suas armas, isso basta para não nos faltar nada! E à livre passagem marítima que o Turco nos oferece se nos rendermos, diz-lhe que espero mais cedo eu próprio fazê-la, com a espada na mão por entre os inimigos. E a ti, Simão Feio, que não mais venhas cá repetir palavras alheias, senão mando-te espingardear do muro!"

Crónica de Dom João de Castro

sábado, 7 de fevereiro de 2009

- Cerco de Lisboa (1147)


O Cerco de Lisboa, com início a 1 de julho de 1147 e que durou até 25 de Outobro, e foi um episódio integrante do processo de Reconquista cristã da península Ibérica, culminando na conquista desta importante cidade aos mouros pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185) com o auxílio dos Cruzados em trânsito para o Médio Oriente. Efetivamente, este episódio constituiu o único sucesso da Segunda Cruzada.

Após a queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146. O Papa ainda autorizou uma cruzada para a Península Ibérica, embora esta fosse uma guerra desgastante de já vários séculos, desde a derrota dos Mouros em Covadonga, em 718. Nos primeiros meses da Primeira Cruzada em 1095, já o Papa Urbano II teria pedido aos Cruzados ibéricos (futuros Portugueses, Castelhanos, Leoneses, Aragoneses, etc.) que permanecessem na sua terra, já que a sua própria guerra era considerada tão valente como a dos Cruzados em direcção a Jerusálem. Eugénio reiterou a decisão, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da Reconquista.

A 19 de Maio zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por Flamengos, Normandos, Ingleses, Escoceses e alguns cruzados Germanos. Segundo Odo de Deuil, perfaziam no total 164 navios — valor este provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da Cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei; a Inglaterra estava em pleno período d'A Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot (sobrinho de Godofredo de Louvaina), Chirstian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle.

A armada chegou à cidade do Porto a 16 de Junho, sendo convencidos pelo bispo de Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte nessa operação militar. Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.

As forças portuguesas avançaram por terra, as dos Cruzados por mar, penetrando na foz do rio Tejo; em Junho desse mesmo ano, ambas as forças estavam reunidas, ferindo-se as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa. Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o a Leste, foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil.

Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As semanas se passavam em surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projéteis sobre os defensores, o número de mortos e feridos aumentando de parte a parte.
No início de Outubro, os trabalhos de sapa sob o alicerce da muralha tiveram sucesso em fazer cair um troço dela, abrindo uma brecha por onde os sitiantes se lançaram, denodadamente defendida pelos defensores. Por essa altura, uma torre de madeira construída pelos sitiantes foi aproximada da muralha, permitindo o acesso ao adarve. Diante dessa situação, na iminência de um assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 24 de Outubro.

Entretanto, somente no dia seguinte, o soberano e suas forças entrariam na cidade, nesse meio tempo violentamente saqueada pelos Cruzados.

Decorrente deste cerco surgem os episódios lendários de Martim Moniz, que teria perecido pela vitória dos cristãos, e da ainda mais lendária batalha de Sacavém.

Alguns dos Cruzados estabeleceram-se na cidade, de entre os quais se destaca Gilbert de Hastings, eleito bispo de Lisboa.

Após a rendição uma epidemia de peste assolou a região fazendo milhares de vitimas entre a população.

Lisboa tornou-se, entretanto, capital de Portugal a 1255.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

- Bandeira Monárquica


A última bandeira da Monarquia entrou em vigência pelo decreto de 18 de Outobro de 1830, emitido pelo Conselho de Regência em nome da rainha Maria II de Portugal, Conselho esse que se achava exilado na Ilha Terceira, no quadro da guerra civil de 1832-1834.
Este determinava que a bandeira nacional passasse a ser verticalmente bipartida de branco e azul, ficando o azul à tralha; sobre o conjunto, ao centro, deveria assentar as armas nacionais, metade sobre cada cor.

Reza a tradição que a primeira bandeira constitucionalista teria sido bordada pela própria rainha Maria II de Portugal e trazida para o continente pelos Bravos so Mindelo, quando desembarcaram nas proximidades em Vila do Conde para conquistarem o Porto, onde viriam a ficar sitiados ao longo de mais de um ano.

Tem-se gerado alguma controvérsia acerca das proporções do branco e do azul nesta bandeira; a bandeira para uso terrestre era igualmente bipartida de branco e azul; a para uso naval, essa sim, apresentava o azul e o branco na proporção de 1:2, um pouco à semelhança do que sucede com o actual pendão nacional português.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

- Bandeira da República Portuguesa

Bandeira da República Portuguesa

A bandeira de Portugal é um rectângulo com proporções 2:3, dividido verticalmente em verde (a 2/5 do comprimento) e vermelho (3/5). Quando desfraldada, a parte verde fica do lado da tralha, ou do lado esquerdo quando representada graficamente. Centrado na linha de separação entre o verde e o vermelho está o brasão de armas de Portugal, consistindo numa esfera armilar sobreposta pelo tradicional escudo português, que é de prata, com cinco escudetes de azul carregados de cinco besantes de prata e bordadura de vermelho, com sete castelos de ouro. A bandeira foi oficialmente adoptada a 30 de Junho de 1911, mas era já usada desde a Proclamação da República Portuguesa, a 5 de Outubro de 1910.

A bandeira tem um significado republicano e nacionalista. A comissão encarregada da sua criação explica a inclusão do verde por ser a cor da esperança e por estar ligada à revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891. Segundo a mesma comissão, o vermelho é a cor combativa, quente, viril, por excelência. É a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante, ardente, alegre (...). Lembra o sangue e incita à vitória. Durante o Estado Novo, foi difundida a ideia de que o verde representava as florestas de Portugal e de que o vermelho representava o sangue dos que tinham morrido pela independência da Nação. As cores da bandeira podem, contudo, ser interpretadas de maneiras diferentes, ao gosto de cada um.


No seu centro, acha-se o escudo de armas portuguesas (que se manteve tal como era na monarquia), sobreposto a uma esfera armilar, que veio substituir a coroa da velha bandeira monárquica e que representa o Império Colonial Português e as descobertas feitas por Portugal.
Os cinco pontos brancos representados nos cinco escudos no centro da bandeira fazem referência a uma lenda relacionada com o primeiro rei de Portugal.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

- Batalha de Ourique


A Batalha de Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no actual Baixo Alentejo (sul de Portugal) em 1139 - significativamente, de acordo com a tradição, no dia de Santiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era precisamente Matamouros.

Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos. Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, em número bastante maior.

Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica, os cristãos venceram. A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se Rei de Portugal (ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha), tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação Rex Portugallensis (Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses) a partir 1140 - tornando rei de facto, embora a confirmação do título de jure pela Santa Sé date apenas de Maio de 1179.

A ideia de milagre ligado a esta batalha surge pela primeira vez no século XIV, muito depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.

A lenda narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo e dos anjos, garantindo-lhe a vitória em combate. Contudo, esse pormenor foi interposto mais tarde na narrativa, sendo praticamente decalcado da narrativa da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Maxêncio a Constantino o Grande, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES (latim, «Com este sinal vencerás!»).

Este evento histórico marcou de tal forma o imaginário português, que se encontra retratado no brasão de armas da nação: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando os cinco reis mouros vencidos na batalha.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

- Integralismo Lusitano


- Com origem entre os exilados católicos e monárquicos na Bélgica, em 1913, foi inicialmente um movimento cultural em reacção ao anticlericalismo da Primeira República. Em 1914, o movimento tornou-se político incorporando republicanos desiludidos com a República, sendo formalmente constituído em Coimbra em 1914 em torno da revista Nação Portuguesa. O seu ideário monárquico tradicionalista afirmava que não pretendiam voltar à monarquia deposta e que não aceitavam a república recém-implantada. Apoiavam o rei deposto, D. Manuel II, embora recusassem o rotativismo dos Partidos ideológicos do final da Monarquia Constitucional, que designavam por " regime das oligarquias partidárias", pretendendo uma Monarquia assente na representação municipalista e sindicalista, segundo as antigas tradições da Monarquia portuguesa. O velho Ramalho Ortigão chegou a aderir, com entusiasmo, ao movimento.
- Em 1915, os integralistas são projectados para a ribalta política ao realizarem um ciclo de conferências na Liga Naval, em Lisboa, alertando para o perigo de uma absorção pelo Reino de Espanha. As conferências foram violentamente interrompidas, sendo as instalações da Liga Naval assaltadas e destruídas. Com a entrada de Portugal na Grande Guerra, em 1916, transformaram-se em organização política criando uma Junta Central e organizações distritais e concelhias. Nessa altura, manifestaram obediência a D. Manuel II, reconheceram a importância da Aliança Luso-britânica, e clamaram pela mobilização dos portugueses contra a Alemanha.
- Contou entre os seus dirigentes mais destacados, Hipólito Raposo, António Sardinha, Luís de Almeida Braga, Alberto Monsaraz, Pequito Rebelo e Francisco Rolão Preto.
- A organização política do MIL esteve muito activa durante o Sidonismo, nas revoltas de Monsanto e Monarquia do Norte, em 1919. Vieram a desligar-se da obediência ao exilado D. Manuel II em 1920 na sequência da tentativa frustrada de restauração do trono. Porque D. Manuel II não respondeu ao apelo restauracionista que lhe foi feito e se recusou a reorganizar as forças restauracionistas, o Integralismo Lusitano reconheceu então como legítimo herdeiro ao trono português o neto de D. Miguel I, Duarte Nuno de Bragança. Tiveram também papel de destaque na preparação do movimento militar de 28 de Maio de 1926.
- Em 1932, dissolveram-se enquanto organismo político na sequência da morte sem descêndencia de D. Manuel II, quando se deu a fusão de todos os organismos monárquicos em torno de Dom Duarte Nuno.
- Victor Emanuel, que não indica qualquer bibliografia ou fonte onde baseia suas afirmações, numa página identificada com uma denominada "Frente Integralista Brasileira", diz que Salazar teria recebido "profunda influência" do Integralismo Lusitano, e que Oliveira Salazar teria sido mesmo "um grande admirador do movimento integralista".
- Ao ser instituído o Estado Novo, no entanto, os integralistas lusitanos declararam a sua oposição ao regime de Salazar, considerando o Estado Novo como um corporativismo de Estado de inspiração fascista e, como tal, uma falsificação grosseira das suas doutrinas corporativas de associação.
- Dois ex-membros da sua Junta Central, Alberto Monsaraz e Rolão Preto, organizaram em 1933 o Movimento Nacional-Sindicalista para combater o Salazarismo, movimento que vem a ser proibido por Salazar em 1934. Além de terem desde a primeira hora recusado a Constituição de 1933, esses e outros destacados integralistas participaram nos movimentos políticos e conspirativos durante a Oposição a Salazar: o integralista Hipólito Raposo designará por "Salazarquia" o Estado Novo no livro Amar e Servir (1940), sendo o livro apreendido, e o seu autor preso e deportado para os Açores; um outro integralista, Pequito Rebelo, liderou uma lista de candidatos por Portalegre contra a União Nacional de Salazar; e Luís de Almeida Braga e Francisco Rolão Preto integraram a candidatura oposicionista do general Humberto Delgado à presidência da República em 1958.
- Desde a sua dissolução enquanto organismo político, em 1932, e até à actualidade, o Integralismo Lusitano tem sido sobretudo uma escola de pensamento ou de ideias monárquicas.
- Em 10 de Junho de 2002, um grupo de herdeiros reconhecidos do Integralismo Lusitano apresentou uma definição actualizada do seu ideário.
- Lema: Nos liberi sumus, Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt (Nós somos livres, nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram"), o chamado "grito de Almacave", pronunciado pelos povos representados nas Cortes de Lamego, simbolicamente identificado com a fundação de Portugal)

- Duelos


O duelo é uma disputa em combate de confronto entre duas ou mais pessoas, motivadas, em geral, por desagravo à honra, desavenças individuais, familiares, em facções ou grupais, e outros tipos de confronto de cunho fortemente emocional, tais práticas são de e em geral, somente de cunho fortemente emocional.

Várias são as formas do duelo, inclusive sem a utilização de armas brancas ou de fogo; na forma de luta livre, ou também chamada "Apache", dentro de um círculo (às vezes de fogo, as noturnas).

De forma geral, cada duelante poderia ter um ou mais padrinhos, que o assessorassem. Cada duelo teria que ter um juiz imparcial, que fazia-se obedecer às regras tratadas préviamente, conforme ordenamento dessas leis que toleravam tais práticas, muito antigas, que quase sempre vitimava um ou mais dos duelantes que acabam em morrer, muitas vezes por "falta de socorro - proposital"; Pois "tinham perdido o duelo", ou seja, o perdedor somente tinha direito, e era apoiado pelos seus padrinhos; mesmo que tivesse um médico renomado do outro lado, "pois era uma questão de honra".
- Dr. Samuel Johnson, em A Dictionary of the English Language (1755), definia honra como tendo vários sentidos, o primeiro de que eram “nobreza de alma, magnanimidade, e um desprezo a maldade”. Esse tipo de honra decorre da percepção da conduta virtuosa e integridade pessoal da pessoa dotada com ele.
Por outro lado, Johnson também definiu em relação a honra a "reputação" e "fama", aos "privilégios de classificação ou nascimento", e como "respeito" do tipo da que "coloca um indivíduo socialmente e determina o seu direito de precedência. "Esse tipo de honra não é tanto uma função de excelência moral ou ético, pois é uma conseqüência do poder. Por último, no que diz respeito às mulheres, honra pode ser sinônimo de "castidade" ou "virgindade" ou, no caso de uma mulher casada, "fidelidade".
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A questão que coloco é a seguinte:
Será que na sociedade de hoje e para limitar direi a sociedade portuguesa, justificam-se os duelos?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

- 1 de Fevereiro de 2009


Caros companheiros,

Foi com grande prazer que pude estar presente no encontro do Terreiro do Paço. Tenho pena que a mobilização não tenha sido grande, mas houve e por isso, felicito quem esteve presente e deixo os meus cumprimentos a todos os que não puderam ir mas que não esqueçeram este dia.

Da nossa parte (dos que lá estiveram), rezamos um pai-nosso e depositamos uma coroa de flores junto à placa.

Apesar de poucos, não passamos despercebidos, o que é sempre positivo, pois faz saber a quem passa, que dizemos PRESENTE, pela Pátria, pela História, pelo Povo e pelos Reis que nunca esqueceremos!

Com os melhores cumprimentos,